terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Sobre pirataria, o combate à pirataria e carta aberta com sugestão ao Netflix

A muitos anos, quando via as polêmicas da pirataria de filmes e músicas eu pensei em algumas coisas. As empresas de mídia chilicavam, esperneavam, processavam pessoas, faziam lobby (Não duvido que até subornassem políticos.) para leis mais duras, e até absurdas, contra a pirataria. Eu, e alguns mais, vimos uma forma diferente de tratar a coisa.

As pessoas queriam acesso às músicas, aos filmes, às séries. As pessoas não queriam mais o acesso comum de procurar nas lojas, comprar um CD no qual só gostassem de algumas músicas, quando não, de uma só. As pessoas queriam colocar as músicas em dispositivos pequenos, portáteis, para escutarem em qualquer lugar, e um CD Player, mesmo os portáteis, não são tão pequenos quanto os MP3 Players. Não cabiam num bolso.

As pessoas começaram a baixar músicas, e nesta época surgiu o Napster e depois o KaZaA, entre outros. Assim surgiu o compartilhamento das músicas pela Internet, e uma guerra das produtoras de música contra isto. Alguns poucos músicos seguiram o caminho inverso, especialmente os independentes, deixando suas músicas disponíveis para os fãs baixarem.

Um dos problemas deste compartilhamento é a qualidade do material baixado. Algumas pessoas não se importavam com a qualidade da codificação, e nem tinham um senso para perceber bem isto, se importando somente com o tamanho. Quanto menor melhor, pois poderiam colocar mais músicas no seu computador, no CD, no MP3 Player etc. Assim existia muito material ruim, de baixa qualidade. Muitos não entenderam que o formato MP3 não é uma compactação, e sim, uma aproximação matemática do original, e que também passava por modificações contando com alguns detalhes que o ouvido humano não consegue perceber. Então, quanto menor o arquivo, pior é esta aproximação matemática. Fora os MP3 dos MP3, i.e., pessoas pegavam um MP3 e recodificavam para tentar fazer ficar menor, descartando mais qualidade ainda. Era difícil peneirar isto, separar o que era bom do que era ruim.

Uma das pessoas que entendeu isto foi o Steve Jobs, que criou o iTunes e o iPod. As pessoas podiam comprar músicas pela Internet. Mas mesmo assim não tomou o mercado todo.  Estava preso a um dispositivo, e ao mecanismo de proteção de direito autoral que Apple usava. Em parte por exigência das empresas de mídia. Elas não venderiam músicas através de quem não protegesse contra a pirataria.

Algo parecido aconteceu com filmes e séries. Não dá para ficar preso mais aos horários das TVs para acompanhar as séries. As pessoas querem flexibilidade para ver quando quiserem, tal como os vídeo-cassetes permitiram. As pessoas programavam o vídeo-cassete para gravar em certos horários e assistiam quando era conveniente, e com a chance de pular os comerciais.

Com o Torrent, o Pirate Bay etc, as pessoas começaram a baixar filmes e séries, mas o problema da qualidade persistiu. Poderia demorar dias para baixar o DVD de um filme, e descobrir que ele é de outra língua, está sem legendas na sua língua, que está com baixa qualidade etc.

Qual é a solução para isto? Inundar (Não é o dilúvio bíblico, que aliás, é um plágio.).

Se as pessoas tiverem tudo o que quiserem disponível, na hora que quiserem, com uma boa qualidade, mesmo que a um baixo custo, não vão recorrer à pirataria. Não vão se preocupar em gastar tempo baixando, caçando Torrents, que podem ser baixa qualidade, demorarem a baixar, ocupar espaço em disco e mídias etc.

Ou seja, se inundar de conteúdo de fácil acesso, universal, a pirataria perde o propósito de existir. O Uruguai fez isto com o tráfico de drogas ao liberar a maconha. O tráfico perdeu o propósito de existir. E este é um dos argumentos mais fortes para a liberação das drogas. E recentemente rodou pela Internet que os cartéis de drogas do México estão falindo depois que a maconha foi legalizada em parte dos EUA.

O Joost tentou fazer isto, e assisti a bons programas nele, em seu começo, mas depois foi descontinuado. Talvez o mundo ainda não estivesse pronto, ou as empresas de entretenimento, e por isto não decolou.

O Netflix tenta atender a isto. Por um custo mensal que não é grande é possível acessar a uma grande quantidade de material, quase na hora que quiser, em quase qualquer dispositivo e sistema. Que eu saiba, atualmente, fora o YouTube, o Netflix é o que mais chega perto do "inundar" que defini acima.

Como contei no início do artigo, as pessoas querem levar consigo as músicas, em seu dispositivo móvel, seu celular, e atualmente vivemos a era da conexão móvel, quando as pessoas estão sempre plugadas. E aí que abre uma brecha para a pirataria.

Em cidades grandes se perde muito tempo no transporte. Tem vezes que se perde horas por dia no transporte. Eu já passei, em caso de transito ruim, mais de 2 horas e meia na viagem de ida ao trabalho. Eu perco quase de 3 horas por dia no caminho para o trabalho, e de volta, sendo que cada viagem de trem dura cerca de 40 minutos, fora o tempo na plataforma esperando o trem. Aproveito este tempo para colocar o Facebook, os e-mails etc, em dia.

Nestas viagens já vi gente vendo filmes e seriados. Duvido que seja por conexão 3G ou 4G. Aliás, imagine o que aconteceria com a rede de celulares com centenas, ou milhares, de pessoas tentando assistir filmes e seriados pelo celular durante a viagem. A rede poderia entrar em colapso. Também tem a questão que rapidamente esgotaria a franquia de celular da pessoa.

Não é raro as pessoas terem Internet rápida em casa e no trabalho, e assim baixam, de modo pirata, o que querem assistir e colocam no celular.

Algumas pessoas já podem estar chegando ao ponto que quero chegar.

Por que o Netflix não usa o armazenamento do celular, ou do tablet, que pode facilmente ter um cartão de 32 GB, para armazenar filmes e seriados para as pessoas assistirem nas suas viagens de ônibus, avião, trem etc. As pessoas poderiam escolher o que querem armazenar e o material seria baixado de madrugada, em horários nos quais os tráfegos no Netflix talvez fiquem menores (O tráfego da Internet realmente fica baixo de madrugada.), e/ou baixados em menor prioridade, sem ter que ser no tempo real do filme. De manhã a pessoa tem o filme, e/ou alguns episódios do seriado que está acompanhando, no celular para ver durante as viagens do dia.

Eu sei que as empresas de mídia poderiam reclamar da ideia, mas uma coisa que pode fazer é guardar o material criptografado, para atender o medo de pirataria das indústrias de entretenimento, e descriptografar conforme toca.

E aí pessoal do Netflix, o que acham?

PS: Como vocês são um negócio, para dar lucro, claro que eu adoraria uma comissão se toparem esta ideia. O meu vício/hobby de fotografia não é barato, e adoraria fazer um upgrade de câmera.