quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Um pouco da história dos cinemas de bairro


Eu vi este vídeo no YouTube e achei interessante, então resolvi fazer um comentário. Mas achei que o comentário ficou tão bom que merecia não ficar perdido no meio dos comentários de um vídeo do YouTube. Então copiei para este blog, e está abaixo.

Sou do Rio de Janeiro, e tenho 52 anos.

Eu lembro que quase todos os bairros do Rio e Janeiro tinham cinema de rua. (Como, por exemplo: Vaz Lobo, Irajá, Madureira (vários), Ramos (Pelo menos 2), Olaria, Méier (vários), Piedade, Saens Peña, Botafogo etc. Soube que em Parada de Lucas também teve, e que foi demolido e atualmente é a escola de samba do bairro.).

Me lembro da minha mãe contando que ia ao cinema com o irmão a qualquer momento que tinham vontade de ir, e moravam em Piedade na época.

Muitos destes cinemas foram fechando na década de 1970 e primeira metade da década de 1980, ficando só em alguns bairros, como Madureira, Saens Peña, Centro do Rio de Janeiro etc.

Os shopping centers que surgiram nas década de 1980 e 1990 não tinham cinema, mas depois foram sendo modificados para ter, e alguns no improviso, como o Shopping Tijuca (Que tinha uma coluna em uma das salas de cinema. Depois passou por uma reforma de grande porte para ter salas boas de cinema, e as salas antigas viraram uma das filias das Lojas Americanas.), o Rio Sul que transformou parte do estacionamento em cinema, o Madureira Shopping (que transformou o que antes era um andar de uma loja de departamentos em 4 pequenas salas de cinema) etc.

Quase todos os cinemas de rua foram se tornando igrejas, e alguns foram exceção (O de Vaz Lobo, que parece que foi por vontade do herdeiro segundo me contaram, não virou igreja e permanece fechado. Alguns na Tijuca que viraram Drogaria Pacheco e Casa e vídeo, e alguns demolidos e transformados em C&A e Shopping 45. O de Parada de Lucas citado acima.). Alguns resistiram mais tempo como cinema pornô. Mas nos anos 2000 muitos dos cinemas de rua fecharam, mesmo nos bairros como Madureira e Tijuca.

Alguns cinemas, depois de um tempo fechados, ganharam vida como casas de shows, como o Imperator no Méier, com patrocínio de grandes empresas, mas isto durou alguns anos e fecharam de novo. (Soube que o Imperator tinha virado uma especie de galeria cheia de lojinhas pequenas, do tipo box.)

Aliás, tem uma região do Centro do Rio de Janeiro chamada de Cinelândia, mas parece não ter mais quase nenhum cinema lá. Um eu tenho certeza que virou igreja. Parece que o maior conjunto de salas de cinema da área virou um conjunto de box como o Imperator.

Vários de Botafogo viraram um conjunto de salas, como o Estação Botafogo (Atualmente Estação NET Botafogo) e o Estação Net Rio (Que passou por um tempo como cinema pornô.). Eles vivem com apoio de empresas, e já tiveram outras empresas como apoiadoras. Se não fosse este patrocínio, já teriam fechado.

 Atualmente ir ao cinema se tornou mesmo algo elitista, e um ritual mais complicado do que já foi. Não dá mais para sair de casa a pé e ir a uma sala de cinema, como a minha mão fazia quando jovem, exceto em alguns bairros mais nobres do Rio de Janeiro.

E cinema também se tornou muito caro para a maior parte da população. Talvez isto tenha acontecido na década de 1970 mesmo, com as perdas salariais daquela época. A popularização da TV também deve ter contribuído para isto. E assim pode ter começado a morte dos cinemas de bairro da década de 1970.

 

domingo, 29 de novembro de 2020

Pessoa Jurídica e negação de sua condição

Estava pensando o porquê de muitos da classe média gostarem de trabalhar no regime de PJ (Pessoa Jurídica) e veio uma coisa na minha cabeça.
Pode ser uma forma de negação.

Como ele tem uma empresa (mesmo que seja de fachada, do "eu sozinho") no aspecto legal, ele se sente empresário, se sente superior aos outros.

E isto esconde o que ele realmente é, um reles assalariado, um trabalhador comum que vende a sua mão de obra em troca de um salário.

E o contratante dele, conscientemente ou não, se aproveita algumas vantagens disto, como a impossibilidade deste trabalhador formar sindicatos para pressionar por melhorias, da impossibilidade de ter greve etc, pois o trabalhador não se reconhece como trabalhador.

Também se aproveita da precarização, como a possibilidade de demitir sem aviso prévio, poder contratar sem férias, sem décimo terceiro, sem licença maternidade, sem risco de ser processado na justiça do trabalho em caso de abusos patronais etc.

Eu já falava que o "ganho a mais de salário" do PJ era ilusão. Depois desta reflexão passei a ter mais certeza ainda que é ilusão.

sábado, 7 de novembro de 2020

Sobre urnas eletrônicas e segurança

Novamente estou vendo muita gente falando besteira sobre urnas eletrônicas sem conhecê-las, nem conhecer o processo.

Sei que já escrevi sobre isto antes, mas, como não achei, estou escrevendo de novo.

 Originalmente o texto abaixo foi uma resposta a uma pessoa no Facebook que resolvi colocar aqui no blog.

"
Eu trabalhei como presidente de sessão eleitoral de 1996 (primeira eleição com urna eletrônica) a 2006.

Garanto que é MUITO difícil violar as urnas. Elas são seguras. Não existe a janela de oportunidade para alguém modificar uma grande quantidade delas. Tem redundâncias dos dados.

Ela é toda cheia de lacres, e a primeira coisa que o presidente de sessão e os mesários tem que fazer quando tiram a urna da caixa é verificar a integridade deles. Se algum estiver violado tem que comunicar imediatamente.

Tem as impressões de resultados que são distribuídos para fiscais dos partidos.

Tem auditoria das urnas antes das eleições. Especialistas verificam o programa todo (inclusive os fontes), testam, dão sugestões etc.

Tem MUITAS camadas de segurança e redundância.

E não estou só falando como ex-presidente de sessão. Também falo como programador de computadores com mais de 30 anos de experiência, como SysAdmim por uma década e meia, inclusive lidando com segurança de dados e de informação.

E também como autor do livro de segurança de dados para leitos. "Os dados da sua empresa estão seguros? Duvido!".

O incidente mais próximo de violação de uma urna eletrônica que eu soube foi uma invasão em um local de votação com o roubo de uma (O local era grande e só tinha um policial para tomar conta dele todo.). A urna foi encontrada abandonada na rua e a perícia descobriu que somente foi emitido o relatório de zerézima, que é a primeira coisa que a urna faz quando é ligada.

Isto de falar que não são seguras é muito comum em pessoas que não tem a menor ideia de como o processo todo funciona, ou pessoas que querem tumultuar as eleições.
"
 

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Sobre os "pró-vida"

Ativistas "pró-vida" normalmente são um bando de retardados que só focaram em um detalhe, a vida do embrião, e só pensam nisto a qualquer custo, sem ver qualquer contexto, nem mesmo a vida da mãe.

Pelo que já li uma mulher ganha na gravidez, só com o peso do bebê, placenta, líquido amniótico etc, perto de 10 Kg (Acho que pode ser menos de 10 Kg, mas 3.2 Kg já é só o bebê.). Isto já é grande um esforço para uma mulher adulta que pese cerca de 60 Kg.

Agora imagine o que isto representa para uma menina de 10 anos, que deve ter cerca de 1.20 ou 1.30 m de altura, e uns 30 Kg.

É como se uma mulher adulta desse à luz a uma criança de uns 7 ou 8 meses de idade, com cerca de 8 Kg e quase 70 cm de altura. E somando o peso do líquido amniótico e placenta acho que o peso total chegaria a uns 20 Kg.

Imagine o custo energético e metabólico para alimentar um bebê deste tamanho dentro do corpo.

Mas ainda tem um agravante. Uma grande quantidade de modificações acontecem na adolescência, inclusive alargamento de quadris, o que auxilia a um futuro parto. A menina de 10 anos não passou por este processo.

Então o parto desta menina de 10 anos talvez fosse equivalente a uma mulher adulta de 60 Kg parir um bebê de uns 12 ou 15 meses de idade, de mais de 10 Kg.

Aí falam de cesárea, como se fosse um procedimento simples de tirar um cravo. Imagine o tamanho dos cortes proporcional ao tamanho da mãe para nascer um bebê neste caso. Imagine as cicatrizes externas e internas. Já imaginaram?

Ainda tem o deslocamento e compressão de órgãos que a gravidez causa. Uma dentista grávida que me atendia teve que dar uma pausa no atendimento para poder respirar, pois o diafragma estava sendo comprimido pelo bebê e a posição no trabalho.

Então acho que estes "pró-vida" não são pró-vida coisa alguma. Só são pró-gravidez, não importando o custo a quem quer que seja. São um bando de retardados que não pensam direito.

Desculpe-me, estou furioso.

Atualização 25/08/2020:

Vale ver este vídeo do Dead Consense sobre o caso.


segunda-feira, 22 de junho de 2020

Fascínio fascista pela morte e a Covid-19.

É comum ao fascista ter um certo fascínio pela morte. Este fascínio vem em duas formas, e ambas costumam ter alguma ligação com um líder forte. Uma é matar quem é declarado como inimigo (não raramente a lista inclui "comunistas"), não importando se este alguém encare o fascista como inimigo ou não, como alguém a ser eliminado ou não. É a eliminação dos outros (em um sentido bem amplo). Normalmente com ordens ou aval de um líder forte. A outra morrer em uma luta contra estes inimigos, em uma morte gloriosa, normalmente sob ordens ou aval deste líder forte.

Tem uma boa dose de fanatismo e desconexão da realidade neste processo.

Aliás, parte deste fascínio pela morte também é aflorado pelo interesse em meios de matar, como armas. E pode ter relação com masculinidade e poder. Matar é uma forma de ter mais poder sobre o outro, sobre o que foi morto. É uma forma de "realizar" este poder.

Então, de certa forma, o sucesso de um líder fascista poderia, de uma forma muito mórbida, ser medido em quantos morrem por suas ordens ou seu aval, sejam seus inimigos, ou seus seguidores, ou quem quer que seja.

Sim, muitos líderes fascistas tem este aspecto genocida em seu perfil psicológico.

Muitas coisas que eram aceitas no início do século 20 não são mais aceitáveis, inclusive a guerra. Então existe uma forte redução dos meios de extravasar, de concretizar, este fascínio pela morte (E este "índice" de sucesso como líder fascista.).

Então surge uma pandemia. E ela é uma oportunidade, de alguma forma, de concretizar este fascínio pela morte, de causar estas mortes.

Não tem como não dizer que o Bolsonaro não tem este aspecto, este fascínio pela morte: "A minha especialidade é... matar."; "...matando uns 30 mil..."; "Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre..." (Algo bem bélico, não? Aliás, esta fala é tudo o que foi descrito acima.). (Podem procurar estas falas no YouTube, estão lá.)

Levando isto em conta não tem como não pensar que o Jair Bolsonaro está sabotando intencionalmente os esforços para o combate à Covid-19. Ele pode estar somente saciando o seu desejo pela morte, e pode até estar no fundo orgulhoso pela quantidade de mortos. Mostrar a quantidade de mortos para ele pode ser fonte de um orgulho interno, que não pode ser expressado publicamente.

A Covid-19 se tornou o instrumento pelo qual ele concretiza o seu fascínio pela morte.

Adendos:

  1. O fascismo é mais do que uma forma de governo. É uma forma de ser e de pensar. Uma pessoa pode ser fascista e não seguir um líder, mas muitos tendem a seguir cegamente este líder quando este surge. Vi isto acontecer.
  2. Pessoas desavisadas, tipicamente que tem pouco conhecimento de sociologia, de história, filosofia, que não tem um espírito crítico etc, podem ser transformadas em fascistas, pois são mais fáceis de serem enganadas, e até fanatizadas e "adestradas". Este é um dos motivos dos líderes fascistas serem contra o ensino de história, de sociologia, de filosofia, de ciências etc.
  3. Levando em conta o que menciono no item acima, o movimento "Escola Sem Partido" pode ser encarado como um possível movimento fascista, ou uma das facetas dele.
  4. O termo e o estudo do fascismo estão em moda, e acho que nunca estudei tanto sobre o assunto. Acho que fazem décadas que não é tão falado no mundo e no Brasil, mas isto não quer dizer que a mentalidade não existisse e não estivesse latente na sociedade.
  5. O fascismo depende de prender as pessoas em uma bolha de desinformação, para impedir que estas obtenham informações conflitantes com a sua forma de pensar, para que não possam questionar as suas crenças, a sua forma de pensar etc. As redes sociais se tornaram uma grande ferramenta para isto.

Bibliografia:

Este texto é do Umberto Eco e fala sobre fascismo. Ele é a base de muita gente para entender o fascismo. E ainda existe um livro sobre o assunto escrito pelo Umberto Eco, se não me engano.

Este vídeo do Canal Nostalgia do Felipe Castanhari é muito bom, mas tem erros. Ele se baseia no Umberto Eco para definir o Fascismo. Dizer, como ele fez, que o stalinismo é um exemplo de socialismo não é nada preciso. Existem muitas formas de socialismo, e eu diria que o stalinismo é uma deturpação da ideia do socialismo.

Este vídeo é uma crítica ao vídeo acima, e vale a pena ver. Ele fala de alguns erros e imprecisões do vídeo acima.

Este artigo é como esta mentalidade, e toda esta campanha de desinformação e anticiências está afetando os médicos, inclusive com ameaças.

Este artigo sobre a psicologia do fascismo é interessante, e fala duma harmonização que os fascismo cria entre o desejo de eliminar o outro, o diferente, e a moralidade.

Material suplementar:

Aqui listo algumas coisas boas que encontrei depois que este texto foi escrito e inicialmente publicado.

Este vídeo do canal de YouTube Normose parece ser o primeiro de uma série. Ele parece "pegar na veia". Muito bom, e aponta ao dedo pro fascismo brasileiro. (Adicionado em 24/06/2020.)

Este vídeo mostra um erro grave do vídeo do Castanhari citado na bibliografia. O autor do vídeo está muito aborrecido com este erro.(Adicionado em 25/06/2020.)

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Representatividade, a Nichelle Nichols e a Tenente Uhura

Depois de ver este vídeo sobre representatividade do Henry Bugalho resolvi fazer um comentário sobre representatividade, e justamente de um caso muito emblemático que conheço. Um dos motivos é por que sou um fã de Star Trek, e este é um dos motivos de eu ser fã de Star Trek.

Eu reproduzo o meu comentário abaixo:

Procure as palavras abaixo no youtube.

nichelle nichols martin luther king jr

A atriz Nichelle Nichols quase saiu do papel de Tenente Uhura no seriado Star Trek para voltar a cantar, e chegou a entregar a carta de demissão, mas um fã dela veio falar com ela no final de semana. Ela ficou surpresa quando viu quem era. O fã era o Martin Luther King Jr. Ele a convenceu a não deixar o show e mostrou a importância dela para a comunidade negra dos EUA.

A coisa foi tão perfeita que até parece que o Gene Roddenberry (O criador de Star Trek.) telefonou para o Martin Luther King e pediu que ele conversasse com ela. Mas não temos mais como saber, pois os dois já faleceram. Acho que foi nesta conversa que ela entendeu realmente a importância dela no seriado e na sociedade.

Neste vídeo a Nichelle Nichols conta a história:


E qual foi realmente a importância disto? Isto já pode ser parcialmente respondido pela busca pelas seguintes palavras:

whoopi goldberg uhura

Estes vídeos já ajudam a entender:




Aliás, sem a Tenente Uhura, a personagem da Nichelle Nichols, talvez não tivéssemos a Woopi Goldberg, o Neil deGrasse Tyson, vários grandes atores negros, e talvez nem o Presidente Obama.

Aliás, a Nichelle Nichols também trabalhou no recrutamento de astronautas na NASA, ajudando a diversificar os astronautas, como pode ser visto neste artigo abaixo:


A Wikipedia tem um bom artigo sobre a personagem:


Talvez ela tenha feito o papel mais importante daquele seriado, e nem todos perceberam isto.

Tem um vídeo no qual ela conta como foi a entrevista dela com Gene Roddenberry para o papel dela no seriado, mas não consegui achar. Na época ela lia o livro Uhuru, e que estava com ela na entrevista. E assim foi decidido o nome da personagem dela.

Atualização 15/06/2020:

Acho que vale acrescentar este vídeo do Smithsonian Channel. Ele corrobora o que eu falei acima.

Atualização 16/06/2020:

O YouTube me presenteou com este vídeo que não consegui achar quando eu escrevia o comentário que originou a postagem. Ele fala da entrevista da Nichelle Nichols para trabalhar no seriado Star Trek.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Enfoques quanto à Covid-19

Eu tenho visto basicamente 3 modos de tratar a pandemia de Covid-19.

Eles foram adotados em algum grau pelos países. Alguns começaram por um e mudaram ideia pelo caminho (tipicamente começaram pelo primeiro que cito e mudaram para o segundo). Alguns tentaram uma mistura, geralmente fracassada, entre os dois primeiros etc. Alguns países partiram bem cedo para o terceiro que cito, e tiveram sucesso.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Teste o seu nível de desconhecimento de ciências

Fiz uma lista de pseudociências, negacionismos, questões científicas etc, para testar quanto as pessoas desconhecem ciências.

Infelizmente quase todo mundo deve marcar sim para, pelo menos, um destes itens. Aliás, acho que para muitos deles.

  • Acredita em horóscopo
  • Acredita em homeopatia
  • Acredita em acupuntura
  • Acredita em energias de cristais
  • Acredita em energias das pirâmides
  • Acredita em biorritmo
  • Acredita que a Fosfoetanolamina cura câncer
  • Acha que cigarros não causam câncer, nem fazem mal
  • Não acredita na Covid-19
  • Acredita que a Cloroquina e a Hidroxicloroquina são a cura da Covid-19
  • Acredita em nibiru.
  • Acredita no ET Bilú
  • Acha que ETs construíram as pirâmides do Egito
  • Acredita que pessoas moravam nas pirâmides do Egito
  • Acredita mais no líder religioso do que em cientistas
  • Não acredita em vacinas
  • Acredita que vacinas causam autismo
  • Não acredita no aquecimento global e efeito estufa
  • Acredita em aquecimento global, mas acha que não é causado pelo homem
  • Acredita que nos tempos da ditadura militar no Brasil era tudo melhor
  • Vê comunismo em tudo que é lugar
  • É contra os Direitos Humanos
  • É ANCAP
  • Acredita em meritocracia
  • Acredita em neoliberalismo
  • Acredita que nazismo é de esquerda
  • Acredita que o mercado se autorregula
  • Não sabe o que é In Vitro
  • Não sabe o que é In Vivo
  • Não conhece o método duplo cego
  • Não sabe o que é grupo de controle
  • Acha que nunca devem fazer testes em animais
  • Concorda com a invasão do Instituto Royal
  • Diz que "evolução é só uma teoria"
  • Não sabe o que é viés de confirmação
  • Não sabe o que é prova anedótica
  • Acredita em Terra plana
  • Acredita em Terra oca
  • Acredita em geocentrismo, e não em heliocentrismo
  • Não sabe o que é geocentrismo e heliocentrismo
  • Não acredita na ida à Lua 
  • Acredita em coach quântico
  • Não sabe que as estrelas são sóis distantes, e o nosso Sol é uma estrela
  • Não sabe qual é o limite de velocidade no Universo 
  • Não sabe quem foi Galileu Galilei
  • Não sabe quem foi Isaac Newton
  • Não sabe quem foi Albert Einstein
  • Não sabe quem foi Charles Darwin
  • Acredita que o planeta tem poucos milhares de anos
  • Acredita no dilúvio bíblico
  • Acredita em Adão e Eva
  • Acredita em criacinismo
  • Acredita em design inteligente

Ficou curioso com as perguntas, pesquise. Mas cuidado com as fontes pois tem muito negacionismo sobre os assuntos citados acima.

Aceito sugestões para aumenta a lista. Coloquem nos comentários.

E lembre-se, não existe pseudociência inofensiva, pois mesmo que ela não mate ou cause danos à saúde como os antivacinas causam, ela molda a forma de pensar das pessoas de modo que não desenvolva pensamento crítico, e aceite coisas que não façam sentido.

domingo, 10 de maio de 2020

Sobre "cientistas" de estimação dos poderosos e o mais recente caso

Pessoas com interesses econômicos sempre arranjam "cientistas" para criar relatórios e estudos fraudulentos que sejam favoráveis a estes interesses econômicos.

Um grande exemplo atual disto são os "cientistas" negacionistas do aquecimento global que são financiados e usados pelas empresas de petróleo, carvão etc.

As empresas e petróleo e as mineradoras de chumbo tem uma história anterior que é contada no episódio 7 da nova versão de Cosmos. Era quando usavam o Chumbo Tetraetila como aditivo à Gasolina e diziam que era inofensivo ao ambiente. Tinham até um "cientista" de estimação para corroborar o que falavam.

A indústria de cigarros também teve os seus "cientistas" de estimação para dizer que o cigarro não fazia mal, nem causava câncer.
 
Já tivemos os "cientistas" eugenistas dizendo que grupos étnicos eram inferiores, como os judeus, os negros etc, o que atendiam bem aos interesses do nazismo e colonialismo europeu na áfrica, respectivamente.

Na economia isto também acontece, com os "economistas" de estimação dos ricos e do poder econômico, especialmente as correntes neoliberais, que defendem ideias que favorecem os ricos e economicamente poderosos.

E como não poderia faltar, agora surge um "economista" de estimação dos ricos e empresários para dizer que a economia é importante, e traz um "estudo científico" dizendo que a doença não é séria, que os negócios podem voltar a funcionar.
 
Aliás, não é a primeira vez que usam algo para tentar minimizar a crise causada pela Covid-19. A vez anterior era um "medicamento mágico" que iria curar a doença, e usaram como referência um estudo tão ruim que beirava a fraude.

domingo, 26 de abril de 2020

Mais uma Fake News envolvendo a Cloroquina e cia

No meio da direita brasileira existe uma narrativa de que a FDA aprovou a Hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19.

"
ACABOUUUUUUU

Notícia saída agora do forno. Todo mundo torcendo!
Jornalista Elisa Robson escreveu:

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Destrinchando uma manipulação

Não é difícil criar uma manipulação, e muita gente cai nelas facilmente. Quanto mais emotiva e crédula a pessoa, mas facilmente ela cai, especialmente se esta manipulação atende seus preconceitos e suas crenças. Se ainda juntar um bom design, a coisa fica mais eficiente ainda.

Sempre que vejo algo apelando para sentimentos, mais cético eu fico sobre esta coisa. Mas eu sou raro. Poucos pensam assim.

Basta pensar, se apelam simplesmente para as emoções é porque não tem argumentos.

Vejamos a esta imagem.


sábado, 18 de abril de 2020

Depoimento/Desabafo complementado uma discussão sobre segurança pública

Conversando com uma estudiosa de segurança pública muito jovem eu acabei respondendo, em parte concordado com algo que ela falou, em parte expandindo, em parte dando um depoimento e em parte fazendo um desabafo.

Achei que ficou tão bom que merece ser divulgado, então reproduzo abaixo:

Eu sei. Observo a sociedade desde a década de 1970, desde que era criança.

Eu lembro do projeto dos CIEPs, que daria educação em tempo integral, que foi tão criticado pelas elites e pela classe média, pessoas que não gostavam de pobres, Rede Globo etc. Este projeto foi desmantelado.

Lembro de especialistas em segurança elogiando o projeto.

Com CIEPs os pais poderiam trabalhar tranquilamente sabendo que as crianças estavam sendo educadas, bem cuidadas, e não estariam nas ruas. Era um projeto de longo prazo.

E própria organização das cidades é absurda. Os pobres são enxotados para as periferias, para lugares longe, e perdem 3, 4 até 5 horas de transporte por dia, para trabalhar 8 horas e ainda tem uma hora de almoço. Então passam de 12 a 14 horas fora de casa, e chegam exaustos. É difícil ter interação com as crianças.

Muitos casos avós passam um tempo com as crianças, quando eles mesmos não tem que trabalhar para se sustentarem. (Mesmo em casos em que são aposentados, alguns tem que continuar trabalhando para sobreviverem.)

Eu me lembro da Av. Brasil praticamente sem favelas, mas ela favelizou na década de 1990. Ou o pessoal ocupava o lugar e perdia umas 2 horas por dia no transporte, ou morava longe e perdia muito mais.

Aliás, esta época coincide com a tentativa de privatização dos trens urbanos do Rio de Janeiro, que depois foi feita. Nesta época os trens levavam mais de 1 milhão de passageiros por dia, e caiu para uns 400 mil de tanto que foi sabotado.

No final da década de 1970 e na década de 1980 também aconteceram as mortes dos bairros. Os comércios de bairro morreram. Inclusive os cinemas. Praticamente todos os bairros do Rio de Janeiro tinham cinemas, quando não mais de um, e praticamente todos eles fecharam nesta época. Atualmente muitos são igrejas.

Aliás, eu me lembro que em Parada de Lucas tinha um bom restaurante em 1986. Me lembro comer nele. Tinham dois supermercados. Mas já não tinha cinema. Ele já tinha sido até demolido.

Talvez com a formação e expansão de grandes redes varejistas, a concentração do comércio e negócios em alguns bairros, a perda do poder aquisitivo que aconteceu nas décadas de 1970 a 1990 etc, tenha sido mortal para bairros menores, e as oportunidades de trabalho ficaram mais concentradas longe.

Como teve a perda salarial, no poder aquisitivo, e sem planejamento urbano (ou um planejamento com visão de enriquecimento de alguns, e não de justiça social) (muito do planejamento urbano do Rio de Janeiro foi para atender classes média para cima e excluir os mais pobres), os trabalhadores foram sendo expulsos para cada vez mais longe.

Fora que o Brasil se tornou de um país rural para um país intensamente urbano no período da ditadura militar, com grandes migrações para as cidades e poucos programas efetivos de fixação no campo. Boa parte da agricultura no Brasil passou a ser feita em latifúndios, mas ainda assim, boa parte do que comemos no dia a dia é produzido por pequenas e médias propriedades rurais.

As cidades não foram preparadas para receber adequadamente esta migração.

Vemos muitos problemas que foram causados por décadas de falta de planejamento social, ou um planejamento excludente dos mais pobres.

Tem saudosistas da ditadura militar que falam que na ditadura militar não existiam muitos destes problemas. Mas eles existem justamente por causa da ditadura militar, por causa das políticas que foram adotadas nela. Da famosa frase de neoliberais "Vamos aumentar o bolo para depois distribuir.", mas nunca distribuem. Aliás, por isto, e muito mais, que considero o neoliberalismo como uma forma de picaretagem.

Desculpe-me o textão, e por soar como desabafo (e ser) em alguns pontos. Acho que também é um depoimento.

Eu vivi coisas que você não teve chance de viver por causa da sua idade. Talvez fosse bom você saber disto que contei, para saber parte do caminho feito até chegar onde chegamos.

PS: Caracas. Eu me lembro vagamente do interior do cinema de Vaz Lobo, o bairro onde cresci.

terça-feira, 10 de março de 2020

Monstros, Hitler, Suzy, empatia etc

Existem monstros perfeitos? Existem pessoas totalmente monstruosas?

Muitos falam que Adolf Hitler foi um monstro, e eu concordo. Ele fez, e levou uma nação (aliás, mais de uma) a fazer coisas realmente monstruosas. Mas nem ele foi o monstro prefeito, alguém totalmente monstruoso.

O ator Bruno Ganz foi muito criticado pela forma com que ele interpretou Hitler no filme A Queda! As Últimas Horas de Hitler, pois ele mostrou um lado humano de Hitler, personagem histórico que muitos veem como um monstro. Ele interpretou um Hitler monstruosamente humano, e humanamente monstruoso. O Hitler interpretado por ele tinha um lado humano, que poderia ser doce e amigável com as pessoas, especialmente com algumas pessoas, mas que tinha um lado desumano monstruoso e horrível. (O filme começa com ele sendo empático e atencioso com uma candidata a secretária que estava nervosa na entrevista.) O Bruno Ganz fez uma atuação impressionante, sensacional.

O que talvez tenha assustado muita gente é que isto possa acontecer, que ninguém é completamente monstruoso como alguns pensam. Muitas pessoas esperavam que ele interpretasse um Hitler totalmente monstruoso, e não um parecido com o real. Isto seria caricato e irreal.

O outro lado que assusta, e que poucos querem admitir, é que todos são monstros em potencial (Você mesmo que lê este texto, eu, eles etc.). Todos podem ser monstros dependendo da situação, do contexto, de quem seguem etc. E esta interpretação de Hitler deixou isto exposto. Todos tem um monstro em potencial dentro de si.

Este monstro tem que sempre estar sendo questionado, contido, desconstruído, e isto exige um trabalho grande de autocrítica constante, de autovigilância constante, que poucos estão acostumados a fazer. E mesmo assim não há garantias.

Estudar história, especialmente entendendo os processos históricos, ajuda muito nisto, pois dá referências, exemplos e críticas. O trabalho de Hannah Arendt sobre banalização do mal é importante nisto. Como pessoas se tornaram monstros sem se darem conta.

Mas já vi gente alimentando seus próprios monstros, e alimentando uns dos outros, intencionalmente. Isto tem consequências, e não são boas. Em alguns casos por acharem isto divertido.

A empatia é uma das melhores formas de conter seus monstros. É entender e se colocar no lugar dos outros. É entender o sofrimento dos outros. É entender como os outros pensam e agem. E infelizmente a empatia está em baixa. Em alguns parece nem mais existir. E a raiva é uma das coisas que mais anulam a empatia.

E a Suzy? Sim, ela cometeu uma monstruosidade. O crime que ela cometeu é um destes que doem só de imaginar, de imaginar as consequências, de se colocar no lugar da vítima, da sua família etc. Isto se o que dizem que ela cometeu é real. E ela está cumprindo uma longa pena por causa disto, como tem que ser.

Mas ela é um monstro perfeito? Ela é alguém sem sentimento? Duvido. Praticamente ninguém é assim, se é que existe alguém assim. Nem Hitler foi.

Será que ajuda a uma pessoa ser mais humana, mais empática, a entender que cometeu algo errado etc, se a taxarmos de monstro, dizer que não tem salvação, não tem solução? Será que isto não seria incentivo para ela se tornar mais monstruosa ainda, para assumir de vez este papel que jogam nela? Será que não deveria ser mostrado a ela que existe outra opção, outra forma de ser? 

A TV Globo poderia ter evitado toda esta polêmica se selecionasse as entrevistadas pelas fichas criminais, mas isto complicaria o processo de produção, e não estava em pauta. Os crimes delas não estavam em pauta. Poderia ter escolhido presas com penas menores, pois penas mais longas costumam significar crimes sérios. Teria se protegido e protegido a Suzy. Mas esta polêmica deveria ser evitada? Ou deveria ser jogada no ar mesmo? Acho que uma entrevistada com pena longa poderia reforçar a matéria, a pauta.

Quando soube que a Suzy estava a 8 anos sem visitas eu pensei "Pena longa. Deve ter sido algo sério.". Me bateu alguma curiosidade, mas pequena. Achei que não importava. Era alguém que precisava naquela hora de uma manifestação de empatia. De se sentir gente. E acho que foi o mesmo que o Dráuzio Varella pensou.

Se sentir que pode ser gente pode fazer parte de um processo de reintegração na sociedade.

E por que taxá-la como monstro? Por que jogar o seu ódio contra ela, que já está condenada e presa? Do que adianta? Lá atrás falei que o ódio é eficiente para anular a empatia, e que ter empatia é uma forma de evitar que a pessoa se torne um monstro. Será que ao destilar ódio contra ela você estará se transformando em um monstro? Desejar o mal a uma pessoa que fez um mal, e já está sendo penalizada por isto, não estaria te transformando em um monstro? O que você imagina nestas horas de ódio? Monstruosidades?

Crimes sexuais são hediondos, mas tem gente que explora isto incentivando penas hediondas contra estes criminosos. Será que estes incentivadores não estariam alimentando os monstros dentro das pessoas, incentivando também que elas se tornem monstros?

Será que quem diz "bandido bom é bandido morto" já não se tornou um monstro? Não perdeu a sua humanidade desumanizando o outro, rotulando o outro como monstro?

E eu acho que a polêmica realmente deveria ser jogada no ar. Ela serve para discutir, para pensar, e ver o nível de empatia e como as pessoas encaram a situação. Mas também acho que muita gente não está pronta para ela.

PS: Antes que alguns falem, eu não estou defendendo Hitler, nem a Suzy, de seus crimes, e nem comparando ele com ela (Seria uma grande desonestidade intelectual fazer uma comparação direta entre estas duas pessoas.). Estou só tentando entender eles como pessoas, e não taxá-lo simplesmente como monstros, pois acho isto contraproducente. Contraproducente a ponto de ajudar a criar monstros.

terça-feira, 3 de março de 2020

Trabalho informal e epidemias

Um problema da maioria dos trabalhos informais é que as pessoas tem que trabalhar senão não ganha dinheiro para se sustentar.

Um trabalho formal tem licença médica, e a pessoa fica em casa de forma remunerada, sem se preocupar com o seu sustento, em caso de doença.

Em um trabalho formal, com uma quarentena e todos ficando em casa, os patrões podem ter que arcar com estes salários. Pode entrar em um esquema de férias coletivas etc.

Mas imagine o nosso cenário em caso de epidemia.

Segundo uma notícia que li, estamos com cerca de 41% de trabalhadores informais do total da nossa força de trabalho. Imagina uma boa parte destes tendo que ir trabalhar, para ganhar seu sustento, estando doentes. Quanto ajudariam a espalhar uma epidemia.

E ainda, imagina a perda de dinheiro destes trabalhadores informais no caso de uma quarentena geral, ou de fortes recomendações para não sair de casa. Menos gente nos trens, nas ruas etc, menos clientes para os vendedores de rua, menos dinheiro para eles, menos circulação de mercadorias, e lá se vai toda a economia.
Sim, este é um cenário imaginado, mas baseado em uma situação plausível.

Atualização em 06/03/2020:

Acho que um jornalista pensou algo parecido com o que pensei, mas em outro lugar, e assim hoje li esta excelente matéria. O que pensei pode acontecer nos EUA com trabalhos formais.