quarta-feira, 27 de maio de 2020

Enfoques quanto à Covid-19

Eu tenho visto basicamente 3 modos de tratar a pandemia de Covid-19.

Eles foram adotados em algum grau pelos países. Alguns começaram por um e mudaram ideia pelo caminho (tipicamente começaram pelo primeiro que cito e mudaram para o segundo). Alguns tentaram uma mistura, geralmente fracassada, entre os dois primeiros etc. Alguns países partiram bem cedo para o terceiro que cito, e tiveram sucesso.

Pico alto e rápido.

Deixe todo mundo ficar doente de uma vez, e o problema acaba quando quase todo mundo tiver a doença e ficar imune. Quem tiver que morrer que morra.

Este é o método adotado pelo Governo Federal do Brasil, pelo Bolsonaro.

Eu considero este modo genocida, completamente sem respeito à vida humana.

Com um pico muito alto os hospitais não terão como tratar as pessoas todas, e terão que deixar, e por vezes (muitas vezes), as pessoas morrerem no próprio hospital ou em casa.

O sistema hospitalar entra em saturação e em colapso, tal como o sistema funerário. Isto aconteceu em alguns lugares no mundo, como na Itália, e em Manaus.

Ainda não dá tempo de fabricar e distribuir todo o material, equipamentos, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), remédios etc, necessários, aumentando os casos entre as equipes médicas e percentual de mortos. Para piorar, não dá tempo para entender direito a doença , desenvolver métodos de tratamento e de cura etc.

Então tem um percentual que morre tendo tratamento com um sistema de saúde saturado, e um percentual bem mais alto que morre por estar acima da capacidade de tratamento, e é abandonado para morrer.

O critério de atendimento passa ser deixar morrer os mais graves e tentar salvar os menos graves e os que tem expectativa de vida maior. Isto pode gerar graves consequências psicológicas para os membros das equipes médicas.

Este método é adotado por muitos que querem "salvar a economia", que prezam mais pela economia do que pelas vidas das pessoas. É algo que faz sentido para os que acham que as pessoas devem servir à economia, e não a economia deve servir às pessoas.

Eu considero que é o método dos psicopatas, de quem despreza a vida das pessoas.

Achatamento da curva.

A ideia é poupar o máximo de pessoas, adiar, retardar, o máximo da epidemia, e nisto pode fazer com que menos gente, e até muito menos gente, se contamine em relação ao método anterior.

Tem a vantagem de evitar a saturação, e o colapso, do sistema de saúde.

Adiar dá outras vantagens, pois dá tempo de desenvolver tratamentos, curas, entender como a doença funciona e age etc.

Dá tempo de montar hospitais de campanha, de fabricar e distribuir os EPIs, os remédios, os equipamentos, de aumentar a capacidade de atendimento etc. É muito menos estressante para o sistema de saúde etc.

Pode requerer isolar o país dos outros países, especialmente dos que adotaram o primeiro método citado, para impedir receber novos casos e enviar casos para os outros países. Pode requerer isolar regiões, cidades etc, para evitar o espalhamento geográfico.

Evitará a terrível situação de ter que decidir quem vive ou morre, pois poderá tratar a todos, e dar a devida atenção aos mais grave.

Eu também não acho este o ideal, mas já é MUITO melhor do que o anterior.

Extinção da doença.

A ideia é suprimir a doença o mais agressivamente e mais cedo possível. Traçar todos os casos, isolar os doentes e as pessoas com que estes tiveram contato. Ter o mínimo de casos possível, até zerar o número de casos. Em suma, impedir que a doença entre em transmissão comunitária.

Este método requer um sistema de rastreio forte, como o adotado na China, no Vietnã, na Coreia do Sul, na Nova Zelândia etc.

Requer, em muitos casos, de uma população e um governo comprometidos em uma ação bem agressiva, bem enfática, e pode ter que chegar a beirar o autoritarismo em alguns casos. É necessário (apesar do Vietnã ter começado a fazer sem ter isto) fazer uma grande quantidade de testes para ajudar a rastrear os casos.

Pode requerer quarentena de regiões, bairros, cidades, vilas etc.

A China e a Coreia do Sul praticamente conseguiram fazer isto apesar de terem chegado a ter transmissão comunitária. E a Coreia do Sul teve problemas com um culto religioso que se negou a respeitar o isolamento social e foi responsável por de 50 a 75% dos casos. Em casos assim pode ser necessário o uso da força para impedir grandes reuniões de pessoas.

Quanto mais cedo e mais enfáticos forem, mais chances de sucesso vão ter.

Quanto mais sucesso, menos testes, menos equipamentos, menos EPIs, menos remédios, menos hospitais etc, serão necessários. E melhor vão poder atender os doentes mais graves.

Um fracasso neste método, e acontecer de entrar em transmissão comunitária, pode acontecer dela ser menor, mais controlável, mais isolada, mais tardia etc.

Mas a ação não termina com a extinção do vírus, pois uma forte vigilância e fechamento de fonteiras ainda serão necessárias para impedir que a doença seja importada de outros países, de outras regiões etc.

Outra vantagem com a extinção, especialmente se for rápida, é uma certa normalidade que pode ser retomada. A atividade econômica pode voltar sem grandes medos.

Comparações entre os métodos.

Algumas das comparações já podem ser feitas com o que foi falado acima. O primeiro método matará muita gente, levará a um colapso no sistema de saúde, e até social e econômico. Gerará um grande trauma.

No segundo pode morrer muito menos gente, e pode manter a doença sob controle, com poucos casos, e até mesmo pode levar à extinção da doença. Dependendo da intensidade aplicada, de quando achatar a curva. A quantidade de mortes e de doentes pode ser muito menor.

E se a imunidade for temporária, como acontece com alguns Coronavírus, pode ser que depois de um tempo as pessoas que já tiveram contato com o vírus, e até adoeceram, passem por isto de novo, e a doença nunca se extingua, voltando em ciclos.

O terceiro é o melhor de todos neste quesito, inclusive a longo prazo. Não terão mais doentes no futuro, novas ondas da doença etc, e independe de confiar na imunidade das pessoas.

Mas tem outro problema. Os vírus são muito mutantes, e este não parece ser muito diferente.

Então, quanto mais doentes existirem, uma maior quantidade do vírus existe e tem mais chances de acontecerem mutações que podem ser mais graves, mais letais, que causam doenças mais sutis etc. Entre as mutações, podem surgir outras no qual o sistema imunológico não reconhece e causa uma nova doença para infectar as pessoas, e/ou a mesma doença capaz de reinfectar quem já a teve (isto não levando em conta uma possível imunidade temporária).

Isto pode causar ondas e ondas da doença e de doenças derivadas causadas por mutações do vírus.

O primeiro método se torna mais perigoso levando em conta que a maior parte da população pegaria a doença, e a quantidade de vírus criados seria muito grande, com muitas chances de mutação.

O segundo método já seria muito melhor, e quanto menos pessoas ficassem doentes, menos mutações poderiam acontecer.

E o terceiro, a extinção do vírus o mais rápido possível, é o melhor de todos, pois acabaria com a chance de doenças derivadas, de mutações etc. Por isto que defendo este método.

Considerações finais.

Estas são as minhas opiniões, e são baseadas em experiências minhas, de estudos e noções de sistemas de controle, de probabilidade e estatística etc, dos meus conhecimentos de ciência, do que eu tenho acompanhado a evolução e o espalhamento da doença etc.

Posso estar errado? Sim, mas acho que seria mais para incompleto do que errado.

Se acha que não levei algo em consideração, fale nos comentários, explique etc.

Se acha que estou errado, explique porque estou errado. Dizer que estou errado, que estou mentindo etc, não vale de nada.

Atualização 1, 31/05/2020:

Eu cheguei a pensar em consequências de longo prazo, como lesões pulmonares permanentes ou que demoram a se curar, mas esqueci completamente quando escrevi este artigo. E sim, elas existem. Este artigo da CNN tem um vídeo justamente sobre isto, que sobre um estudo que já está em andamento sobre isto.

Então, quanto menos pessoas adoecerem, melhor. Menos pessoas com problemas de longo prazo, ou permanentes, que serão menos aptas a trabalhar e ter uma vida plena.

Atualização 2, 31/05/2020:

Já existem suspeitas de que o vírus esteja sofrendo mutações e mudando o comportamento. Esta notícia é uma das que falam isto. Mas não se tem certeza ainda.

As mutações foram uma grande preocupação na escrita deste artigo no meu blog.

Atualização 3, 31/05/2020:

Muitos coronavírus tem efeito imunológico muio curto, mas parece que a coisa é pior ainda. Esta notícia fala (ou dá a entender) em 6 a 12 meses de duração.

Se o SARS-CoV-2 for pelo mesmo caminho dos outros Coronavírus, o primeiro método pode gerar ondas seguidas de reinfecções, e com picos menores e mais longos, e as pessoas se reinfectando em tempos diferentes conforme termina a imunidade. E em um longo prazo pode gerar uma taxa constante de pessoas doentes. Ou seja, nunca vai realmente estabelecer uma imunidade de rebanho.

No segundo método pode acontecer o mesmo, mas com menos gravidade. Ainda tenho que pensar melhor.

A extinção do vírus continua sendo a melhor opção.

Atualização 4, 03/07/2020:

Esta entrevista é justamente como lidar com a epidemia. E o entrevistado parece concordar comigo, em suprimir o vírus.

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