quarta-feira, 11 de julho de 2018

Sobre racismo, homofobia etc, evolução e questionamento pessoal

Eu vi os dois vídeos do Pirula sobre o caso Cocielo (aqui e aqui), e depois do segundo fiquei pensando algumas coisas.

Pelo que entendi, o que aconteceu foi um caso de racismo estrutural, aquele que está inserido na pessoa, e na sociedade, e ela não percebe.

Se alguém me perguntar se sou racista, eu responderia "Tento não ser.". Mesma coisa quanto à homofobia.

Cresci em uma época bem mais racista e homofóbica do que atualmente, e isto se insere dentro da pessoa desde criança pela forma que a sociedade cria e molda este indivíduo. Alguns resolvem ser assim mesmo, não evoluir, não se questionar, pois pode doer perceber que está errado, que sempre esteve errado.

Eu tento evoluir, me questionar, mas este processo não é perfeito, e tem que ser feito continuamente.

Questionamentos costumam ser feitos quando algo é percebido para ser questionado, e tem vezes que, para perceber algo a ser questionado, é necessário ganhar (e aprender) novos pontos de vista, novas referências, novos modos de questionar, novos modos de pensar etc, sem preconceitos sobre o que aprender, pois só vai ter chance de saber se é útil ou não depois de aprender (e pode ser até muito depois de aprender).

Em um destes questionamentos pode-se perceber que está fazendo algo muito errado (pode ser que muitos na mesma sociedade também estejam cometendo o mesmo erro), e que vai ter que mudar, parar de fazer algo, passar a fazer algo etc, segundo o caso. Pode surgir um sentimento de culpa por ter feito por muito tempo algo que feria outras pessoas.

Este processo pode causar perdas, como a percepção que piadas racistas são ruins, então não devem ser feitas, mas alguns não querem ver isto, pois não querem perder este tipo de humor. Alguns também não querem correr o risco de sentir culpa no processo de mudança. Então tem gente que reage, que não aceita a mudança e o reconhecimento que algo, inclusive algo que faziam e gostavam, era ruim. Alguns ainda vem com saudosismo dizendo que antigamente era tudo melhor.

Uma coisa que vejo com muita suspeita são os que dizem que não são racistas, que não são homofóbicos etc. Nesta sociedade não tem como não ser. (Sim, já dói pensar nisto.) Mas estas pessoas podem já ter desistido de se questionar, de evoluir, de sentir esta dor que falei, e usam este discurso para dizer que não precisam evoluir, para iludir os outros e principalmente a si mesmas.

Por isto que já falei que um dos meus maiores medos é parar de aprender, parar de evoluir, parar de ser criativo.

As pessoas tem que aceitar que mudam, que evoluir é bom, que é bom perceber e reconhecer os seus erros do passado, mesmo que, quando não for necessário, não o façam publicamente.