domingo, 29 de novembro de 2020

Pessoa Jurídica e negação de sua condição

Estava pensando o porquê de muitos da classe média gostarem de trabalhar no regime de PJ (Pessoa Jurídica) e veio uma coisa na minha cabeça.
Pode ser uma forma de negação.

Como ele tem uma empresa (mesmo que seja de fachada, do "eu sozinho") no aspecto legal, ele se sente empresário, se sente superior aos outros.

E isto esconde o que ele realmente é, um reles assalariado, um trabalhador comum que vende a sua mão de obra em troca de um salário.

E o contratante dele, conscientemente ou não, se aproveita algumas vantagens disto, como a impossibilidade deste trabalhador formar sindicatos para pressionar por melhorias, da impossibilidade de ter greve etc, pois o trabalhador não se reconhece como trabalhador.

Também se aproveita da precarização, como a possibilidade de demitir sem aviso prévio, poder contratar sem férias, sem décimo terceiro, sem licença maternidade, sem risco de ser processado na justiça do trabalho em caso de abusos patronais etc.

Eu já falava que o "ganho a mais de salário" do PJ era ilusão. Depois desta reflexão passei a ter mais certeza ainda que é ilusão.

sábado, 7 de novembro de 2020

Sobre urnas eletrônicas e segurança

Novamente estou vendo muita gente falando besteira sobre urnas eletrônicas sem conhecê-las, nem conhecer o processo.

Sei que já escrevi sobre isto antes, mas, como não achei, estou escrevendo de novo.

 Originalmente o texto abaixo foi uma resposta a uma pessoa no Facebook que resolvi colocar aqui no blog.

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Eu trabalhei como presidente de sessão eleitoral de 1996 (primeira eleição com urna eletrônica) a 2006.

Garanto que é MUITO difícil violar as urnas. Elas são seguras. Não existe a janela de oportunidade para alguém modificar uma grande quantidade delas. Tem redundâncias dos dados.

Ela é toda cheia de lacres, e a primeira coisa que o presidente de sessão e os mesários tem que fazer quando tiram a urna da caixa é verificar a integridade deles. Se algum estiver violado tem que comunicar imediatamente.

Tem as impressões de resultados que são distribuídos para fiscais dos partidos.

Tem auditoria das urnas antes das eleições. Especialistas verificam o programa todo (inclusive os fontes), testam, dão sugestões etc.

Tem MUITAS camadas de segurança e redundância.

E não estou só falando como ex-presidente de sessão. Também falo como programador de computadores com mais de 30 anos de experiência, como SysAdmim por uma década e meia, inclusive lidando com segurança de dados e de informação.

E também como autor do livro de segurança de dados para leitos. "Os dados da sua empresa estão seguros? Duvido!".

O incidente mais próximo de violação de uma urna eletrônica que eu soube foi uma invasão em um local de votação com o roubo de uma (O local era grande e só tinha um policial para tomar conta dele todo.). A urna foi encontrada abandonada na rua e a perícia descobriu que somente foi emitido o relatório de zerézima, que é a primeira coisa que a urna faz quando é ligada.

Isto de falar que não são seguras é muito comum em pessoas que não tem a menor ideia de como o processo todo funciona, ou pessoas que querem tumultuar as eleições.
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