sábado, 26 de janeiro de 2019

As vergonhas da semana 20 a 26/01/2019

O Governo do Bolsonaro é uma vergonha, faz o Brasil passar vergonha internacionalmente, e esta semana foi uma daquelas bem agitadas.

O Flávio Bolsonaro se complica mais.

A direita diz que a esquerda defende bandido é amiga de bandido, tem bandido de estimação etc. Também fala para levar bandido para casa. E quem diria... Veio a tona que os Bolsonaros, especialmente o Flávio Bolsonaro, homenagearam milicianos, e assassinos.

Uma operação policial prendeu vários milicianos, e está caçando outros, suspeitos de serem os assassinos da Marielle Franco e do seu motorista, o Anderson Gomes. E adivinhe, eram os "policiais", que na realidade são milicianos, que foram homenageados pelos Bolsonaro. E os Bolsonaro ainda empregavam parentes deles como funcionários fantasmas.

Lembram do Queiroz? Ele é ligado às milícias. Ou seja, quem levava bandido para casa? Quem tinha bandido de estimação? Quem é amigo de bandido? Quem defendia bandido?

E Davos? Davos foi uma das grandes vergonhas.

Tinha 45 minutos, que possivelmente Haddad e Lula usariam totalmente e possivelmente ainda teriam prorrogação. Mas o Jair Bolsonaro usou só 6 minutos, 6 vergonhosos minutos.

Não sabia o que falar, falou o que não interessava, não sabia como falar, falou bobagens, como "verdadeiros direitos humanos" (Muitos sentem calafrios quando alguém de extrema direita fala algo assim, inclusive eu.), "Somos o país que mais preserva o meio ambiente." etc. Também convidou a fazer turismo no Brasil. Um discurso vergonhoso. E no final ainda meteu deus no meio. (No do Lula em 2007, que coloquei o link, ele tira deus do meio.)

Com quase 30 anos de política não aprendeu a falar em público. Não aprendeu a distinguir públicos. E existem cursos para isto.

Ele falou "Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados.". Mas como? Com tantos investigados, e alguns até condenados? Um ministério que tem a Damares?

A Damares foi mais uma das vergonhas. Os jornais holandeses descobriram alguns dos delírios dela, falando que na Holanda se masturba bebês. Que vergonha.

Mas não acabou a história de Davos. Desde que o caso Queiroz e os funcionários fantasmas estourou, os Bolsonaro e o Moro tem fugido da imprensa, e só tem dado entrevistas para quem sabem bem que não vão fazer as verdadeiras perguntas. Mas agora fugiu de entrevistas a nível internacional. Ele e seus ministros cancelaram uma entrevista coletiva com a imprensa internacional em cima da hora.

E numa das poucas falas com a imprensa, quando perguntado sobre a relação do filho dele com gangues (as milícias no caso) pela repórter Lally Weymouth do Washington Post, ele basicamente respondeu "Não é da sua conta.".

Acharam que Davos acabou? Não mesmo. Ele comeu sozinho em um restaurante baratinho, e os bolsomínions vieram falar que ele estava economizando dinheiro do Brasil. Ao invés de jantar com os líderes mundiais, para criar contatos, amizades, fazer networking (para usar uma palavra da moda), ele vai comer sozinho. E que grande economia ele fez? Um minuto de combustível gasto no voo até lá deve ser mais caro do que jantar com os líderes mundiais. Ele perdeu uma grande chance. Se bem que, pelo que eu acho, poucos líderes mundiais iriam querer conversar com ele.

Acho que o Trump foi mais esperto em não ir, e assim não passar vergona. Mas assim o Bolsonaro não teve com quem competir pelo cargo de "Vergonha de Davos 2019". Não me assustaria se ele foi a maior vergonha da história de Davos, e que vá demorar muitos anos para ser superada.

Falando em Direitos Humanos, um dos mais conhecidos defensores de Direitos Humanos, especialmente dos LGBT, um Deputado Federal eleito para o terceiro mandato, um recordista como vítima de ameaças de morte e fake news, odiado pelos Bolsonaro, o Jean Wyllys, anunciou na quinta feira que vai deixar o Brasil e não vai exercer o mandato. Ele não consegue mais ter vida pessoal de tanto cuidado que tem que tomar com a própria vida. Não pode sair de casa, se sair tem que estar com escolta etc. Isto repercutiu muito no Brasil, e no exterior.

Estão considerando o Jean Wyllys o primeiro exilado político do Governo Bolsonaro.

E qual é a reação dos Bolsonaro? Fazer chacota, à vista de todos, no Twitter.

Vale lembrar que ele era colega de partido, o PSOL, da Marielle Franco, e do mesmo estado. O Jair Bolsonaro foi o único candidato à presidência que não lamentou a morte dela. Para completar, é o mesmo partido do Marcelo Freixo, que fez uma CPI contra as milícias, que lançou a Marielle na política depois dela trabalhar no gabinete dele, e que tem que viver com escolta para não ser assassinado.

Lembram da frase sobre preservar o ambiente dita em Davos? Aconteceu mais um desastre grave com uma barragem de mineração. Mais um desastre ecológico e humano de grandes proporções envolvendo a Vale. E isto vai rodar o mundo também.

Mesmo o governo dele não tendo culpa, pois isto pode envolver fiscalização de médio e longo prazo e o governo dele não tem um mês (e já fez mais vergonha do que governos inteiros), ele era contra licenças ambientais, falava que atrapalhava etc. Ou seja, com o modo dele de pensar desastres assim podem acontecer com mais frequência.

E a Venezuela? A tão odiada por eles Venezuela de Maduro e Hugo Chávez. Um sujeito, que não faço ideia sob qual autoridade, se autoproclamou presidente. Claro que o Trump apoiou. E o Brasil, com o nosso ministro das relações exteriores olavete, logo apoiou puxando o saco dos EUA e do Trump. Ele reconheceu este cara como presidente da Venezuela. Mesmo contrário à decisão de outros países do BRICS (Rússia e China no caso.). Acho que assim o BRICS vai virar RICS.

A zoação nas redes sociais, Internet em geral, está à mil, e não faltou matéria prima contra os Bolsonaro. Aliás, a semana começou com o Flávio fazendo dramalhão com a bandeira do Brasil, e até chorando, das perseguições que sofria na Internet. O pessoal não perdoou. Foi mais munição para zoar. E aparentemente ele incorreu em um crime ao fazer isto. E os bolsominions falavam para a esquerda chorar, mas olha quem chorou.

Escrevi este texto na sexta de noite (25/01/2019) e fiz alguns acréscimos na manhã de sábado (26/01/2019). Estou com medo de publicar ainda no dia de sábado e ter uma surpresa logo depois. Mas estou arriscando publicar de noite.

Acho que nunca um país passou tanta vergonha, tanto dentro quanto fora, em uma semana. Acho que esta semana superou alguns governos inteiros.

Saudades de quando a vergonha era perder de 7 a 1 para a Alemanha em uma Copa do Mundo no Brasil.


Atualização 1 (27/01/2019 2:20)

Esqueci a vergonha do novo diretor do INEP, a autarquia que faz a prova do ENEM. Ele falou "cidadões" no discurso, e claro que o pessoal na Internet não perdoou. Mas vendo uma parte do discurso mostrada aqui me deu calafrios quando fala de ideologias. Imagine as censuras que vem por aí.

Tem este artigo do Glenn GreenWald explica muito bem o escândalo dos Bolsonaro e a milícia. Este repórter foi o ganhador do prêmio Pulitzer pelo caso das escutas do governo americano denunciadas pelo Edward Snowden. Ele é casado com David Miranda, que vai assumir a vaga do Jean Wyllys.

Atualização 2 (27/01/2019 3:05)

A Arábia Saudita suspendeu o registo de alguns frigoríficos do Brasil. Não se tem certeza dos motivos, mas se tem certeza que as declarações do Bolsonaro, inclusive com a ideia de mudança da embaixada para Jerusalém, e a ligação dele com Israel, não ajudam em nada. Até criam um clima ruim nas relações entre o Brasil e os países árabes.

Tem gente que suspeita que pode ser retaliação ao Bolsonaro.

Atualização 3 (27/01/2019 20:48)

Eu tinha ouvido falar, mas não tinha certeza, até que consegui esta notícia, que tem vídeo. Ele realmente disse "bagagem de dejeitos". Não sei se está com jet lag, não sei se fez confusão por causa da bagagem de viagem, ou não sabe o que é uma barragem. De qualquer forma, mais munição para memes.

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