quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Consumismo, a nova forma de escravidão

Existem várias formas de escravidão, por sequestro e violência (como a escravatura no Brasil), derrota em guerras (comuns no Império Romano etc), dívidas (praticado por muitos fazendeiros no Brasil, mantendo o trabalhador com alguma dívida para forçá-lo a trabalhar para ele), religiosa etc, e algumas delas tem relação entre si. Mas agora se tornou moda uma nova forma, que atinge boa parte das classes sociais, especialmente as intermediárias. A escravidão pelo consumismo.

A escravidão pelo consumismo é sutil, é perversa. Os capatazes são os próprios escravos, e os mestres, os algozes, não tem face. Eles não são realmente vistos pelos escravos, e um escravo tem muitos mestres em um sistema de escravidão compartilhada e disputada. Talvez seja a mais sutil de todas as formas de escravidão, pois os escravos não se veem como escravos.

Ela lhe faz querer ter coisas que nem sempre realmente são necessárias. Querer ostentar, mostrar que tem. Se você não tiver, e não mostrar, você não é bem sucedido. Tem que se mostrar como é bem sucedido, tem que ostentar. Tem que ter o último modelo de celular, o carro do ano (e de luxo), roupas de marca, beber bebidas caras (mesmo que não saiba diferenciar um vinho de 1000 Reais e um de 10 Reais), fumar, andar com um relógio caro, mostrar ouro etc.

Os outros escravos cobram isto, e principalmente te valorizam por isto. E é assim, só valorizando as pessoas pelo que tem e ostentam, que estes outros escravos também se tornam capatazes. Tem até músicas que pregam isto, como o Funk Ostentação, músicas que são capatazes.

As pessoas não param para realmente conversarem, e conhecerem, as outras pessoas. Elas querem julgar e conhecer rapidamente, só atentando ao que veem na superfície. Mas superfície pode ser máscara.

Tem casos de pessoas tão desesperadas para ostentar que se endividam, pagam prestações, e se tornam escravas a níveis bem altos. Trabalham em lugares que detestam, fazem trabalhos que detestam, por que lá ganham o suficiente para manter um alto padrão de vida, para poderem ter os luxos e até a ostentação. Mas são felizes? Elas estão vivas? Estão vivendo? Ou são meros escravos reproduzindo a escravidão?

Tem casos de roubos de carros de luxo para irem a uma festa, se exibirem, e depois abandonam o carro. Soube de um dono de concessionária de carros usados que ficava usando carros de luxo de clientes como se fosse dele. Tem gente que passa fome para juntar dinheiro para se exibir.

Você precisa realmente comprar o que tem vontade de comprar? Tem uso que justifique o que está adquirindo?

Não sou contra ter alguns luxos, mostrar-se um pouco. Faz bem para si, para o ego, e para a auto-estima, mas isto não deve te escravizar. Se sente muita necessidade disto, algo está errado, e está se tornando um escravo.

Parte da propaganda consiste em destruir a sua auto-estima, e dizer que você só a terá se tiver o produto que a propaganda está vendendo, te empurrando: "Beber Whisky é coisa de homem."; "Este cigarro é de gente legal."; "Para ter amigos, fazer um círculo de amigos, tem que beber esta cerveja."; "Este carro lhe transforma automaticamente em um aventureiro." (Mas você nunca sai da cidade, então criaram alguns carros de aventura fake, que se entrar em uma estrada de lama dão defeito.); "Este carro lhe ajuda a pegar mulher."; "Rosto liso que todas as garotas gostam se usar este barbeador."; "Com este cartão de crédito você compra qualquer coisa." (Mulheres também sentem esta pressão, e geralmente com produtos diferentes, e até crianças sentem esta pressão.) etc. E assim lhe escraviza.

Conheço alguns escravos que não sabem que são escravos, tal como falei acima. Eu mesmo tenho vontade de comprar uma câmera melhor, mas me questiono se teria uso. Ou um celular novo. Eu fico babando com novidades de tecnologia e fotografia. Mas eu geralmente (nem sempre) penso. Preciso disto? Isto me seria útil? E acho que todos deveriam se questionar assim antes de fazer alguma compra nova.

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