domingo, 19 de novembro de 2017

Conflito na ALERJ de 17/11/2017, com fotos

Em 14/11/2017, uma terça-feira, os deputados estaduais Jorge Picciani (Presidente da ALERJ), Paulo Melo e Edson Albertassi foram presos pela Polícia Federal. Na quinta feita, dia 16/11/2017, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região  (TRF2) determinou por unanimidade (5 votos a 0) manter eles presos preventivamente, mas ainda restava a decisão da ALERJ, que ficou para a tarde de 17/11/2017.

Como era de se esperar, foi montado um protesto com caminhão de som em frente à ALERJ. As pessoas, especialmente os funcionários do estado, estavam querendo que eles continuassem presos, especialmente quanto ao Picciani, o presidente da ALERJ.

Com o estado em crise do estado do Rio de Janeiro, o Governo Federal não ajudando, parte do funcionalismo está sem receber salários, as medidas impopulares da ALERJ (entre elas a decisão de privatização da CEDAE, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), as lembranças dos conflitos nas votações do final do ano passado etc, os funcionários do estado queriam que eles continuassem presos. De certa forma, "queriam sangue", "queriam linchamento".

Eu não acredito na inocência do PMDB carioca, especialmente quanto à crise no estado do Rio de Janeiro. Eles se aliaram com grandes empresários, parece terem se tornado amigos demais deles, e misturado interesses pessoais dos empresários, pessoais deles mesmos, falta de escrúpulos com o interesse público etc. Por isto eu acredito que estes deputados estaduais podem ser culpados, mas não sei quanto. Acho que tem que ser investigados, mas me deixa incomodado todo este linchamento público, e da imprensa contra eles. Dá a impressão que tem algum motivo por trás.

Mas, como eu estava por perto, e com equipamento fotográfico, fui fotografar a manifestação diante da ALERJ. E notei algumas coisas interessantes, do tipo que deixa com uma pulga atrás da orelha.

Fotografei de uma escada de incêndio de um prédio próximo, o que me deu um ponto de vista que a imprensa não tinha. Abaixo estão algumas fotos com algumas explicações.

12:31. O primeiro caminhão de som já está no local, e anunciando o protesto. O trânsito ainda não foi fechado. Pode-se ver uma grade. A ALERJ já estava cercada de grades às 10:30 da manhã, inclusive com ruas próximas fechadas.

12:31. Detalhe da praça e do caminhão de som. Dá para ver mais claramente a grade.

13:18. Já tem gente em cima do caminhão de som.

13:18. Este é um dos veículos da polícia. Ela veio com vários, de vários tipos. Eles entraram na rua na contramão para chegar na ALERJ.

13:18. Também já tem o primeiro helicóptero sobre o protesto.

13:25. Começa a juntar gente no protesto. Note a multidão na sombra das árvores.

14:15. Av. Presidente Antônio Carlos está fechada ao trânsito.

14:56. A sombra dos prédios já chega à pista, e os manifestantes a ocupam.

14:56. Tem mais gente sobre o carro de som.

14:56. Tem faixas. E grupos de policiais na esquina da Rua da Assembleia.

14:56. Tem bandeiras na pista ocupada.

14:57. Um grupo de policiais na Rua São José.

15:33. Pista ocupada, e até agora tudo bem.

15:33. Policiais na escadaria da ALERJ.

15:33. Associação dos Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro está presente.

15:33. Uma manifestação de Fora PMDB presente.

15:34. CTB presente, pelo menos em bandeiras para dar apoio.

15:34. CUT presente, pelo menos em bandeiras para dar apoio.

15:35. Cortam o microfone, e tentam tomar ele, de alguém que parecia tentar fazer com que as pessoas invadissem a ALERJ. Uma atitude que poderia gerar confronto.

15:37. Mais policiais chegando na escadaria da ALERJ.

15:40. Estes carros da CET Rio e da Guarda Municipal, e suas equipes, estiveram neste local durante a manifestação observando. Também tinha um grupo de socorristas, muitos vendedores ambulantes, e aqui aparece alguém da imprensa fazendo uma notícia.

15:45. Manifestantes soltando fogos, como fizeram muitas vezes.

15:49. A manifestação corre sem incidentes até agora. Note a tranquilidade de um que está sentado no banco no meio da pista, perto do carro de som, junto com outra pessoa com banco na mão. E parecem me olhar.

15:49. E tudo calmo do lado dos policiais também.

15:51. Policiais de prontidão perto da grade.

15:56. Uma grande bandeira em defesa da CEDAE. Também dá para ver um grupo da imprensa (Alguns estão de capacetes azuis.) junto à estátua de Tiradentes.

15:58. Mais imprensa. Nota-se uma bandeira da SINTUFF (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Fluminense) dando apoio à manifestação.

15:59:45. Começa a confusão com alguns poucos, aparentemente só dois no início (um de boné amarelo e de cabeça raspada), atacando a grade, tentando rompê-la. Note o policial perto da grade com o spray na mão. Note também o homem de camisa vermelha sobre o ombro direito. E também um junto à grade de mochila na frente. Demorei alguns segundos entre começar a escutar o barulho da grade e conseguir fazer esta foto. Demorei para achar onde acontecia a ação.

15:59:47. O homem de cabeça raspada continua tentando desmontar as grades. O policial não faz nada, mesmo com o dedo no gatilho do spray. Repare um homem na esquerda, de celular na mão com os braços esticados, máscara no rosto, camisa branca, mochila preta nas costas e bermuda amarela.


15:59:50. O de boné amarelo volta, o de bermuda amarela se aproxima. O de cabeça raspada faz algum sinal. O de camisa vermelha sobre o ombro observa. O de mochila na frente parece já tentar desmontar a grade.

15:59:52. O de cabeça raspada faz algum sinal. Parece fazer pose para fotos. O de boné amarelo parece puxar a grade. O policial olha para o lado. Talvez ele estivesse impedido por ardem de fazer alguma coisa, mesmo ele tendo a oportunidade de agir pontualmente e parar o desmonte da grade. O de camisa vermelha sobre o ombro chega à grade.

15:59:54. O de boné amarelo se retira. O de cabeça raspada volta a puxar as grades. O policial ainda olha para o lado. O de camisa vermelha sobre o ombro parece empurrar a grade. Um de mochila na frente se aproxima da grade.

15:59:58. O de cabeça raspada e o de bermuda amarela puxam a grade. O de bermuda, que antes documentava a situação, aderiu à ação que o de cabeça raspada fazia. O de camisa vermelha sobre o ombro e um com mochila na frente estão junto à grade, mas parece que o de mochila agora tenta desmontar a grade.

16:00:03. 18 segundos depois da primeira foto desta sequência, quando flagrei a grade sendo atacada. O de cabeça raspada se retirou. Com isto os dois que flagrei no início do ataque à grade não estão mais presentes. Agora o de camisa vermelha sobre o ombro definitivamente aderiu ao ataque da grade, junto com um de mochila la frente.

Isto mostra como, em alguns segundos e um grupo com ânimos quentes, uma ou duas pessoas podem desencadear um incidente. E como neste incidente, se não for controlado nos primeiros segundos, pode aumentar rapidamente. Este incidente pode ser intencionalmente provocado para ter uma desculpa para que seja feito o que mostro adiante (Pode ser ou não o que aconteceu aqui.).

Aliás, me pareceu uma hora muito redonda para se começar um incidente.

16:00:07. A polícia já está atirando para dispersar a manifestação. Esta foto foi 22 segundos depois da primeira foto da sequência. A polícia não agiu para controlar o incidente na grade. A polícia atacou a manifestação, agiu para dispersar a manifestação.

16:00:13. Mais 6 segundos, 6 segundos depois da foto anterior, os manifestantes correndo, e a polícia ainda atirando para dispersar a manifestação.

16:00:17. Mais 4 segundos. Carro de som envolto em gás lacrimogêneo. Os policiais atirando à vontade.

16:00:37. Mais 20 segundos. Carro de som se retirando. A quantidade de gás dá uma ideia de quanto eles lançaram de gás em 25 segundos.

16:01:13. Continuam atirando, como dá para ver na fumaça perto de um policial, e no disparo que aparece de quase dentro da ALERJ.

16:02:48. Continuam disparando. Olhem algumas cápsulas no chão.

16:04:29. Manifestantes se mantém afastados. Os carros de som ficam diante o Largo do Passo.

16:05:45. Policiais continuam disparando. Tem cápsulas espalhadas pela escadaria. Nesto ponto á capaz de alguns policiais terem gasto mais em disparos de bombas de gás do que o salário deles.

16:05:54. Mais disparos.

16:07:00. Não tem mais quase nenhum manifestante diante da ALERJ, mas os policiais continuam disparando.

16:07:45. Imprensa tentando fazer o seu trabalho, e a polícia ainda atirando.

16:10:54. Panorama da situação. Últimas bombas desta rodada.

16:12:53. Caminhão de som voltando.

16:15:01. Os policiais começaram a atirar de novo alguns segundos antes. Parece que queriam impedir a manifestação.

16:16:16. Continuam atirando, mesmo com pouca gente diante da ALERJ.

16:16:28. Atingiram o telhado de um prédio histórico com uma bomba de gás lacrimogêneo.

16:16:48. O carro de som continua, mesmo com o gás.

16:16:57. Manifestante praticamente atingido, se não foi mesmo atingido, por uma bomba. Veja no canto superior esquerdo. Neste momento eu tinha escutado um abomba de efeito moral. Não sei se foi a bomba em questão.

16:16:58. Ele parece atordoado.

16:16:58. Parece andar atordoado.

16:17:03. Ele se senta sobre as pernas, no chão.

16:17:34. Bombeiros resistindo, apesar das bombas.

16:18:08. Note as cápsulas pelo chão.

16:18:25. Muito gás, e um grupo de policiais, no centro da foto, se deslocando na esquina da Rua da Assembleia.

18:18:40. Um grupo de manifestantes se mantém afastado.

16:19:53. Aparece o helicóptero da PM.

A situação depois disto vai acalmando.

16:25:38. Panorama da situação. Parte dos manifestantes diante da ALERJ, um dos caminhões de som diante da ALERJ. Outra parte está por perto.

17:25:30. Conflito na Praça XV, perto das barcas. De onde eu estava não era possível ver mais do que isto.

Algumas impressões ficam, bem ao estilo de teoria da conspiração. A polícia queria, ou tinha ordens, de atacar a manifestação, mas não tinha uma desculpa. O homem careca que atacou a cerca deu esta desculpa. Ele não foi impedido pelo policial que estava perto, com o spray que poderia afastar ele. Depois disto, em questão de segundos, por questão de ânimos exaltados, alguns também atacaram a cerca. Logo depois que iniciou o ataque, em uns segundos, a polícia atacava a manifestação.

Este incidente na grade deu a desculpa para dispersar a manifestação. Note que a polícia, em momento algum, agiu para preservar a grade. Ela agiu contra a manifestação.

Alguns fotógrafos estavam bem perto deste homem de cabeça raspada, o que aparentemente começou o incidente, e devem ter feito boas fotos dele, que poderiam ser usadas para fazer a identificação. Ele precisa ser identificado, saber para quem trabalha, ver a motivações etc. Isto pode esclarecer se a "teoria da conspiração" esta certa, ou não.

Notas: Os horários da fotos são segundo a minha câmera, que no dia seguinte, no sábado 18/11/2017, pude aferir a hora, e ela estava com cerca de 5 segundos de atraso. Fiz uma foto mostrando isto.

Atualização 1

Resolvi publicar a imagem em detalhe do homem que, pelo que percebi, iniciou o ataque à grade, o que forneceu a desculpa que a PM precisava para atacar a manifestação. Ela está abaixo.

Corte em 100% da imagem de 15:59:58 mostrando o homem que deu a desculpa para a polícia atacar os manifestantes.

Alguém o reconhece? Se sim, não faça nada contra ele. Só informe nos comentários que sabe, e talvez possamos combinar como confirmar, me passar privadamente a informação, e divulgar a identidade dele.

Pode acontecer erro de identificação, portanto não se deve fazer nada contra a pessoa que se acredita ser ele.

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