sábado, 23 de agosto de 2014

Peguei o trem ontem, 22/08/2014

O que tem demais isto?

É que faz mais de 20 anos que não pego um trem urbano no Rio de Janeiro.

Eu peguei o trem poucas vezes na minha vida, e parei de pegar o trem quando ele piorou, no início da década de 1990. Queriam privatizar, e como acontece quando querem privatizar uma estatal, sabotam ela (Vale e Embraer foram raras exceções.). Eu vi o serviço piorar tanto que a alguns anos atrás eu via de manhã trens caindo abaixo, sem portas e vidros, sendo puxados por locomotivas diesel. Andavam superlotados e tinham passageiros pendurados na porta. Acho que nem os Nazistas transportavam os judeus assim (Pelo menos tinham portas fechadas.). Nos horários de rush o trem era superlotado, e durante uma época tinham os surfistas ferroviários.

Vários colegas de trabalho falaram que os trens melhoraram muito, e depois de 2 dias de completo desastre de tráfego, demorando duas horas e meia anteontem (21/08/2014), resolvi arriscar pegar o trem (Pior dificilmente ficaria.).

Peguei o trem na Estação de Parada de Lucas, o que me faz andar mais do que ando até o ponto de ônibus, mas nada demais. O meu Rio Card funcionou direitinho. Os intervalos são bem maiores do que o do metrô, mas nada inviável.

O trem que peguei era velho, bem velho, mas reformado. Dava para ver que foi modificado, que o ar condicionado não era "original de fábrica" etc. Tinha um cartaz falando que era um trem reformado. Mas estava funcionando bem.

Quando peguei estava quase tão cheio quanto um metrô da Linha 1 na Estação Estácio. Ele foi trocando passageiros nas estações, entrando e saindo, o que praticamente não acontece com a Linha 2 do Metrô, que não cabe mais gente. Considero que a inexistência de troca de passageiros e a superlotação como sinais de saturação da Linha 2 do Metrô, e que ainda deve ter demanda reprimida. Nestas trocas de passageiros ele foi esvaziando, a ponto de eu conseguir sentar, isto depois das senhoras e dos idosos sentarem.

Reparei também nos passageiros. Eles pareciam menos abastados, e com média de idade maior do que os do metrô. Quase ninguém estava vendo smart phones. Os passageiros eram gentis e conversavam uns com os outros. Eu conversei com alguns. Lembrou bem que gentileza e educação são coisas bem distintas de condição financeira. Uma coisa não implica na outra.

Entre entrar no trem, e saltar na Central do Brasil foram 31 minutos. Sim, em 31 minutos eu estava quase no centro do Centro do Rio. Talvez tivesse feito em uns 2 minutos a menos se o maquinista não tivesse errado em 3 ou 4 estações, parando um pouco além e tendo de dar uma pequena ré para consertar.

As estações são simples, bem mais simples do que as do Metrô (Coisa que eu já sabia.). Menos luxo. Tal como acontece com o trem que peguei em relação à composição do Metrô.

Outra coisa que posso falar é que foi uma viagem com dignidade. Em ônibus posso até ir sentado desde o início, mas com a Av. Brasil boa eu chego no Caju, ou um pouco além, em 30 minutos. O trem me deixou bem além neste mesmo tempo. Mas com problemas de trânsito, tal como enfrentei anteontem (21/08/2014) e no dia anterior (20/08/2014), a dignidade gerada pelo conforto do ônibus se perde.

Outra coisa que ficou bem claro é que luxo, estações e trens melhores, não significa dignidade ou serviço melhor. Tive uma viagem uma boa com um trem menos luxuoso e bem velho, e com estações mais simples.

Uma coisa antiga do trem, que parece que não mudou, foram os vendedores e os pedintes. Parece ser uma longa tradição (rsrs). Foram 2 vendedores, um de amendoim e um de biscoito, e um cego pedinte. Na Linha 2 do Metrô, naquele horário, nem daria para eles entrarem nos vagões.

Espero que esta tenha sido uma viagem média, e não uma das boas.

Mas a viagem ainda não terminou. Tinha que pegar o Metrô na Central do Brasil e saltar na Estação Carioca. Foi aí que a dignidade terminou.

A Central do Brasil é muito cheia, e tem que estar atento para não se perder, e/ou se desorientar, na multidão. A coisa foi piorando conforme eu me aproximava do Metrô.

Quando cheguei na plataforma do Metrô, na Estação Central do Brasil, tinha uma composição parada e as pessoas estavam embarcando. Já estava superlotada, não dava para entrar, e as pessoas se espremiam para caber mais. Esperei a próxima, que já veio logo e cheia. Era da Linha 2. Me espremi para entrar, e me espremeram mais ainda. Ainda bem que eram poucas estações.

Para contrastar bem, era uma das composições novas do Metrô, e foi nela que fiz a pior parte da viagem, a mais desconfortável, a com menor dignidade.

Em suma, entre entrar no trem, e chegar na minha mesa no trabalho, levei quase uma hora, 57 minutos, e foi uma viagem digna, com dignidade em boa parte do tempo. O Metrô foi a mesma droga de superlotação, mas foi curta.

Posso dizer que fiquei encantado com a viagem de trem, e espero que esta seja a média, e não uma exceção.

Um comentário:

  1. A partir deste dia passei a pegar regularmente o trem, e conto em uma mão quantas vezes que peguei um trem sem ar condicionado. Acho que foram 2 vezes.

    Hoje fui além. Precisava ir ao dentista, no Meier. Andei até a estação de metro da Carioca, peguei o metrô, tive que pedir informações na Central do Brasil, peguei um trem para Deodoro, e saltei no Meier. De dentro do trabalho, na Praça XV, até dentro do consultório foram 45 minutos. Demorei mais que isto depois para ir para casa de ônibus.

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