quarta-feira, 10 de outubro de 2018

O trabalhador assalariado em negação

Estamos numa sociedade na qual o trabalhador é considerado descartável (O que não é novidade.), e o trabalhador considera o emprego trocável (Isto é mais novidade.). Então os trabalhadores não lutam para que o emprego melhore, e sim, ficam sonhando em trocar por um trabalho melhor. Não existe uma lealdade, uma afeição grande ao trabalho, e aos colegas de trabalho.

Isto é sinal do individualismo do trabalhador. Do cada um por si.

Isto sabota o sindicalismo, pois o sindicalismo depende de uma identidade de grupo, de coletividade, de classe.

Estes trabalhadores não se tocam que dificilmente conseguirão emprego melhor se os patrões não tiverem que competir por mão de obra, e isto só acontecerá com taxas baixas de desemprego, tal como acontecia no final do primeiro governo da Dilma.

Com taxas altas de desemprego as ofertas de trabalho pioram, tanto em condições de trabalho quanto de salário, e podem ficar escassas.

Sem esta noção, de que a troca de trabalho nestas condições é ilusão, este trabalhador se torna capaz de votar (nas eleições) em quem o oprime, quem piora a sua situação, e até de sabotar quem o defende. É incapaz de se unir com outros para exigir melhorias no trabalho. Etc.

Mas este individualismo é cultivado de diversas formas, e muitas passam por desconscientizar de que ele é trabalhador, que ele é funcionário. No processo usam algumas "palavrinhas mágicas", como "colaborador" etc. E criam a falsa impressão de liberdade, de que não é funcionário, de que não é trabalhador assalariado etc. Criam a ilusão até de que é empresário, contratando-o como Pessoa Jurídica.

Acho que muitos da Classe Média caíram nesta ilusão. Assim são incapazes de reconhecer o que realmente são, trabalhadores assalariados em muitos casos, e votam em quem defende patrão, com a sensação de que vai defendê-lo. Falam mal de sindicatos, de partidos que os defendem, ficam do lado de quem os oprime.


Até profissionais liberais, que tipicamente são de classe média, caem nisto, e podem acabar sendo massacrados por grandes empresas, que inadvertidamente defenderam e incentivaram, diretamente ou indiretamente.

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